Sobre o livro ‘Mas você vai sozinha?’

Descobri esse livro em um passeio pela livraria na Paulista. O título me chamou atenção pois é a frase que mais escuto quando vou viajar ou quando conto das minhas andanças por aí: ‘Mas Você Vai Sozinha?’.

Acho que viajar sozinha ou ir a lugares sozinha durante nossa rotina é, em um contexto maior, uma quebra de paradigmas. Sabemos do mundo cruel e machista que vivemos, sabemos da violência que está na rua, porém também sabemos que não dá pra ficar trancada em casa. É preciso desbravar o mundo. E, de preferência, sozinha.

Me identifiquei de cara com o primeiro conto de Gaía. Cobrir um festival de música na gringa. Eu, uma pessoa doida por música e por viagens, considero este tipo de trabalho um verdadeiro sonho. Me vi fazendo coberturas (ainda não em outros países) há 4 anos atrás, quando comecei a me dedicar ao Maroon 5 Brasil. De lá pra cá, o gosto pela criação de conteúdo nasceu e cresceu, e hoje devo em partes a criação deste blog e do meu trabalho, a esta oportunidade que perdura até hoje. Eis que esse ano me vi cobrindo a turnê da banda no Brasil e viajei para o Rio de Janeiro (lugar que eu nunca tinha ido até então) para escrever sobre o show deles na Apoteose. Era a realização múltipla de sonhos.

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A medida em que fui lendo, entendi que o livro tinha sua estrutura definida como: um conto de experiências em viagens e ao final dicas do local e insights que também querem ir sozinhas ao destino em questão.

Creio que o conto que mais gostei foi o “Conselhos sentimentais de um xamã andino”. Percebi o quanto ficamos vulneráveis em uma viagem, e fortes o bastante para dividir nossos problemas com os desconhecidos que passam pelo nosso caminho e que nos passam confiança. Recomendo que todos e todas leiam este conto, de fato é o meu preferido <3

Também gostei muito do conto do amante veneziano e acredito que algumas pessoas viajam com a intenção de encontrar ‘venezianos’ pelo mundo afora. Me senti em casa lendo sobre San Francisco e seu problema de dinheiro enquanto esteve por lá, pois morei na cidade por quase 2 meses, então acaba sendo minha segunda casa mesmo. De fato é uma cidade muito cara, e o medo do dinheiro sumir é constante. Chinatown é um bairro que não gosto muito em SF, mas recomendo à todos visitarem a esquina Haight-Ashbury e o bairro mais hippie do mundo!

O mesmo medo que Gaía sentiu em Kanyakumari, na Índia, eu senti no meu primeiro dia de intercâmbio. O desconhecido é desafiador, mas quando se está vulnerável ele literalmente tira o sono. Eu também não abriria a porta de maneira nenhuma! Apesar de tudo, pelo relato e energia do lugar, quis muito conhecer a medida em que fui lendo.

Não estive ainda em New York, mas a descrição de ‘solidão respeitada’ na cidade também me atraiu. Acredito que quando viajo, é exatamente o que busco: me bastar e procurar interpretar e explorar a cidade na minha introspecção e silêncio. Com certeza seria um bom destino a se considerar para a próxima viagem.

E o que mais me definiu, veio apenas na última frase do livro: por mais que viajemos o mundo, a sensação de que ‘aqui é o meu lugar’ quando se está entre os seus, na sua casa, na sua cultura e costumes, é a melhor de todas. “Decidi que meu lugar no mundo é aqui mesmo’!

Um livro encorajador, pessoal, de leitura fluída e tranquila. Estou muito feliz de poder dizer que foi o primeiro livro que consegui terminar em 2016 (antes tarde do que nunca!) e recomendo com certeza à todas as viajantes que já desbravam o mundo ou que ainda não concretizaram seus planos. LEIA E VÁ!



Ana Luna

Fez intercâmbio, trabalha com turismo, viajou por aí e queria um espaço pra dividir suas experiências pelo mundo! Também é colaboradora do Maroon 5 Brasil

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